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'Índio é elemento da tabela periódica, somos Indígenas', afirma Rodrigo Tremembé

Segundo o indígena Rodrigo Tremembé, diferente do que as pessoas imaginam o 19 de abril não é uma data especial e nem comemorativa para os povos indígenas que nesse momento vivem um grande progresso no cenário político, com a aprovação na Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados do PL 5466/2019, que institui Dia dos Povos Indígenas em substituição do “Dia do Índio” celebrado no dia 19 de abril.

“Nós reivindicamos essa mudança porquê o termo “índio” é pejorativo, não abarcando as especificidades e diversidade dos mais de 305 Povos Originários do Brasil, portanto adotamos a palavra “indígena” que remete a nativo, originário. E nos desprendemos desse “apelido” colocado pelos colonizadores, quando invadiram nosso território em 1500, nos generalizaram como índios pertencente ao país Índia. Não somos índio, índio é elemento da tabela periódica, somos Indígenas, afirma Rodrigo Tremembé.

Conforme o escritor indígena Daniel Munduruku, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente do Instituto UKA, embora o senso comum tenha sempre levado a crer que as palavras índio e indígena tenham relação direta, isso não é uma realidade.

“Mesmo os dicionários têm alguma dificuldade em definir com precisão o que seria o termo índio. Quando muito, dizem que é como foram chamados os primeiros habitantes do Brasil. Isso, no entanto, não é uma definição, é um apelido, e apelido que se dá para quem parece ser diferente de nós, explica Daniel Munduruku.

Rodrigo Tremembé ressalta que o 19 de abril serve como ponte para os povos Indígenas falarem sobre suas inquietações, necessidades e reivindicações e não para folclorizar suas existências e fingir que tá tudo bem em tempos de retrocesso político, onde seus direitos são violados constantemente.

“Aproveitamos o Abril Indígena para orientar as pessoas para a necessidade de ouvir os Povos Originários e garantir um futuro digno, sustentável e seguro para as próximas gerações. A cada dia estamos lutando para ocupar os espaços e utilizar a representatividade como ferramenta de luta e resistência, atualmente podemos ver mais e mais Indígenas na advocacia, na comunicação, no ativismo, na saúde, educação etc. Mas ainda é pouco. Queremos ser ouvidos em todos os momentos, nós existimos o ano inteiro e não só em abril", destaca.

Para ele, a comunicação tem um papel informativo, mas sobretudo educativo. "Levar a voz de povos indígenas é permitir que nós possamos exercer nossos direitos como cidadãos participativos e contribuintes desta sociedade, explica Rodrigo Tremembé".

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