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Olivia Newton-John morre aos 73 anos

Com cabelos loiros ao vento e cigarros entre os dedos, Olivia Newton-John aparecia em cena. E ao lado de ninguém menos que John Travolta. Os dois dançavam, olhavam-se e, com a alta temperatura entre eles, seduziam-se. Newton-John vivia uma adolescente australiana chamada Sandy recém-chegada a um colégio, nos EUA. Por lá, viveu um quente amor de verão, um daqueles que se tornou referência em comportamento jovem. E, para quem não sabe, a atriz é a estrela do filme “Grease - Nos Tempos da Brilhantina”.   

O musical, adaptação de espetáculo homônimo criado pelos dramaturgos Jim Jacobs e Warren Casey, até hoje figura como um dos clássicos do cinema norte-americano. Como não lembrar dele ao lermos a notícia da morte de Newton-John, vítima de um câncer mamário, nesta segunda-feira, 8? Segundo nota divulgada pela fundação que leva seu nome, a artista partiu em seu rancho, na Califórnia, aos 73 anos, cercada de amigos e familiares. 

A artista havia sido diagnosticada com a doença pela primeira vez em 1992. Em maio de 2017, Newton-John informava que, depois de 25 anos, o tumor havia retornado. E agora pior, muito mais violento que o anterior: tinha se espalhado pela região lombar. Anos antes, em 2013, ela chegou a descobrir uma massa cancerígena no ombro. Desde então, sua vida passou a se resumir a tratamentos de radioterapia e uso do óleo de cannabis. 

Embora Olivia tenha desenvolvido sua carreira no show business como cantora, com sucessos como “If Not for You”, “Let Me Be There” e “Have You Never Been Mellow”, seu nome foi imortalizado em Hollywood estrelando ao lado de John Travolta o musical “Grease”. Disso, como se viu até aqui, ninguém duvida. Mas Newton-John, nem de longe adepta daquele estereótipo da mulher bem comportada, enveredou por gêneros tão improváveis quanto rebeldes, como rock e disco - que estavam no auge nos anos 1970. 

Sem envolver-se em escândalos e neta do físico Nobel Max Born, Newton-John trouxe Sandy para o disco “Totally Hot” e, na capa dele, vestia roupa de couro com as costas encostadas numa parede. O sucesso, surfando na onda do filme "Grease", foi rápido: rendeu-lhe disco de platina, deixou o rock “A Little More Love” e a sempre boa de escutar “Where Did My Innocence Go?” nas paradas. Ou seja, New-John era dona de si e, claro, uma feminista. 

Neste disco, sem muito esforço, percebe-se que “sra. Newton-John”, como a ela se referiu o jornal The New York Times em seu obituário, cantava com uma voz um pouco mais forte. Apesar das vendas terem caído na virada dos anos 70 para os 80, no início da nova década, ela entrou no melhor período de sua vida, em termos comerciais. É dessa fase, por exemplo, o single “Physical”, que esteve ao longo de dez semanas no topo da Billboard. Segundo a revista, referência em cultura pop, essa é a maior música dos anos 1980. 

Olivia Newton-John e John Travolta reviveram Grease em 2019: relembre
Newton-John: sensualidade a serviço do empoderamento feminino - Foto: Divulgação

Nascida em Cambridge (Inglaterra) no dia 26 de setembro de 1948, seu pai foi oficial do MI5 durante a Segunda Guerra Mundial e, assim que acabou o confronto entre as forças do eixo e os aliados, ele passou a ser professor universitário e administrador. Quando Olivia Newton-John tinha 6 anos, a família optou por morar na Austrália, em Melbourne. Bela e à vontade sob os holofotes, na adolescência, não demorou até deixar todos com o queixo lá embaixo pelo seu talento nos programas de rádio e televisão, sob o nome de “Lovely Livvy”.  

Foi nesse período que, ao ganhar um concurso numa TV australiana, gravou o single “Til You Say You´ll Be Mine”, lançado pela Decca Records em 1966. A título de curiosidade, a Decca, um ano antes, havia gravado o hit “Satisfaction”, primeiro grande sucesso dos Rolling Stones. Em 1970, foi convidada a participar de um grupo chamado Tomorrow, que tinha como missão repetir o sucesso dos Monkees, importante banda pop dessa época. “Foi terrível, e eu estava terrível nele”, afirmou a cantora, ao New York Times, anos depois. 

Com um Grammy por “Olivia Physical”, uma tentativa de repetir o sucesso de “Grease” e uma carreira que esfriou em meados dos anos 1980, dedicou-se a cuidar de Chloe, sua filha com o ator Matt Lattanzi. Eles se conheceram no set de “Xanadu” e se casaram em 1984, divorciando-se em 1995, dois anos depois de Newton-John ter descoberto câncer na mama pela primeira vez. Em 2008, casou-se com o fundador da Amazon Herb Company. 

Ciente que sua música era de grande qualidade, até os últimos dias, Olivia Newton-John mostrava-se aborrecida pelo fato de o público rebaixar as canções que cantava pelo fato de terem feito sucesso. “Me irrita quando as pessoas pensam que porque é comercial, é ruim. É completamente o oposto: se as pessoas gostam, é assim que deve ser”, reclamou Newton-John, numa reveladora entrevista à revista Rolling Stones. 

É, Oliva, sua vida foi de brilhantina. Vai em paz! (Com Agência Estado)

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