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OPINIÃO

Os professores em meio aos avanços tecnológicos

Por: Arnaldo Cardoso Freire, André Lindemam e Tatiana Carilly

Os avanços tecnológicos e das ciências têm impactado sobremaneira todas as áreas do conhecimento. A atualidade está marcada por um solo de incertezas. Embora o incômodo de não haver porto seguro e respostas prontas, a instabilidade é também algo mágico e transformador. Ela provoca o movimento, aguça a intuição, inspira a criatividade, desperta a ousadia. Se por um lado observa-se falta de solidez, que gera insegurança, de outro há um mundo de possibilidades, de vir a ser, de esperança.

Nesse cenário a educação tem papel fundamental. A era da reprodução do saber, do ensino livresco, da educação bancária criticada pelo filósofo Paulo Freire, deve ser superada pelos avanços tecnológicos. As exigências neste século XXI são outras. Nesse contexto, o professor se torna mediador do conhecimento, colocando o aluno como centro e sujeito do aprendizado, trabalhando para que ele experiencie, instigando-o a duvidar, questionar, buscar respostas, criar soluções, aprender a aprender e até a desaprender de modo que se descortinem a fragilidade e fortaleza do ser humano em eterna construção dele próprio e na relação com os outros e com o meio ambiente.

Nessa perspectiva, ser professor torna-se ainda mais desafiador. Para além do domínio do conteúdo, é necessário levar o aluno à sua maioridade intelectual. Remetendo ao conceito do filósofo Immanuel kant, isso significa que o discente deve ser capaz de pensar o próprio pensamento, se tornando autônomo e sujeito de sua história, o que é um tanto desafiador nesta sociedade líquida caracterizada pelo individualismo, a fluidez e efemeridade, imprevisibilidade, como bem conceituou o sociólogo Zygmunt Bauman.

Além disso, num mundo de fácil acesso a tantas informações como o de hoje, torna-se necessário garimpar o que pode ser útil, conectar e organizar conhecimentos para incentivar a aplicação dos mesmos de forma inteligente e sábia, como propõe o sociólogo Edgar Morin em sua obra Cabeça-feita. Deve-se estimular a imaginação, a criatividade para que se sobreviva a qualquer mal treinamento, como já afirmou Anna Freud.

Heidegger afirma que com os avanços tecnológicos o professor deve convertê-los em oportunidades e não em ameaças

Em meio ao encantamento tecnológico, como bem alertou o filósofo Martin Heidegger, o professor deve converter a tecnologia em oportunidade e não em ameaça, tornando-a aliada no contexto do ensino-aprendizagem. A ideia é usar a tecnologia como extensão do nosso corpo, permitindo interação mesmo não estando no mesmo espaço físico e tempo; abrindo espaço para o trabalho colaborativo, a troca de experiências homem-homem, homem-máquina e o desenvolvimento de habilidades técnicas/tecnológica, que superem o entorpecimento dos cliques em curtidas, números de seguidores e inscritos em canais da web.

Aproveitar as tecnologias para tornar o aprender uma aventura repleta de possibilidades, em que a dúvida estimula a construção, contribuindo para a formação de profissionais críticos, criativos, comprometidos com o rejuvenescimento do saber, como propõe o filósofo Gaston Bachelard. A ideia deve ser aplicar as tecnologias na educação a favor do humano indissociado da natureza. Assim,  certamente estaremos formando cidadãos autônomos, que respeitam as diferenças, cuidam do meio ambiente, capazes de gerarem riquezas inestimáveis deixando seus legados para as gerações futuras.

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