Opinião

Jesus cura dois cegos e um possesso mudo

Diário da Manhã

Publicado em 31 de dezembro de 2016 às 00:06 | Atualizado há 8 anos

Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que gritavam e diziam: “Filho de Davi, tem compaixão de nós!”

Tendo ele entrado em casa, os cegos aproximaram dele. E Jesus lhes disse: “Credes que posso fazer isso?”

Eles responderam: “Sim, Senhor”.

Então tocou-lhes os olhos, dizendo: “Seja feito a vós, conforme a vossa fé!”

E logo os seus olhos se abriram. Jesus, porém, os advertiu com energia, dizendo: “Acautelai-vos de que ninguém o saiba”.

Eles, porém, retirando-se, espalharam sua fama por toda aquela terra.

Ao retirarem-se eles, eis que lhe trouxeram um homem mudo, possesso de um demônio. E tendo Jesus expulsado o demônio, falou o mudo. A multidão ficou admirada e começou a dizer:

“Nunca se viu tal coisa em Israel!”

Mas alguns fariseus diziam: “É pelo poder do príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”. (Evangelho de Mateus, cap. 9, vv. 27 a 34).

Ao sair das fronteiras da Judeia, a caminho de Cafarnaum, dois homens cegos seguiam a Jesus, solicitando-lhe a cura para a cegueira que os afligia. Provavelmente, essa cura ocorreu na casa de Pedro, onde o Mestre estava hospedado.

Esses homens cegos deveriam ser próximos aos discípulos diretos do Mestre. Não se sabe se existia algum vínculo de parentesco entre eles, mas estavam juntos, demonstrando união em seus propósitos. Ao solicitarem a cura, esses homens diziam: “Filho de Davi, tem compaixão de nós!”. Ao denominar o Mestre “Filho de Davi”, eles demonstraram acreditar que Jesus era o Messias tão esperado. Também, ao solicitarem a compaixão do Rabi, os cegos também demonstravam que sabiam qual era o principal móvel das ações curadoras do sublime Redentor.

Jesus, no entanto, surpreende os dois cegos ao demonstrar que, naquela ocasião, a sua compaixão também convidava para uma reflexão a respeito da fé. Por isso, perguntou-lhes: “Credes que posso fazer isso?” Eles responderam afirmativamente e Jesus ainda reforçou a necessidade de edificar a fé em suas mentes e em seus corações: “Seja feito a vós, conforme a vossa fé!” No mesmo instante a cura se estabeleceu aos dois solicitantes.

Fica evidente que o Mestre desejou ensinar àqueles homens e aos seus discípulos a necessidade do poder da fé para a edificação das curas do corpo e, especialmente, do espírito. Contudo, Jesus curou muitos enfermos sem a condição do testemunho da fé, mas nesse e noutros casos ele considerou que deveria conduzir o espírito à virtude da fé para estabelecer algum mérito diante das bênçãos do Senhor.

Depois da cura, o divino Rabi advertiu aos dois ex-cegos que não divulgassem aquele sinal porquanto ele sabia que isso poderia causar algum dano aos homens se os líderes religiosos soubessem e viessem a expulsá-los da sinagoga conforme ocorreu com o rapaz cego que ele curou em Jerusalém junto ao poço de Siloé, conforme a narrativa de João (1-41). No entanto, os homens divulgaram o ocorrido em todos os lugares por onde passavam.

Depois da cura dos dois homens cegos, trouxeram ao divino Messias um homem mudo e portador de uma possessão espiritual. Não se sabe se a mudez desse homem era consequência da possessão ou se era uma condição anterior à influência negativa do espírito impuro.

Jesus expulsou o espírito obsessor, causando admiração de todos os presentes que diziam: “Nunca se viu tal coisa em Israel!”. No entanto, alguns fariseus diziam que o Mestre curava devido ao poder do “príncipe dos demônios”, numa tentativa de diminuir a credibilidade do notável Messias diante da população.

Quanto a esse comentário, o Mestre já havia argumentado quando curou um possesso cego e mudo segundo as narrativas de Mateus (12, 22-30) e de Marcos (3:22-27):

“Todo reino dividido contra si mesmo acaba em ruínas e nenhuma cidade ou casa dividida contra si mesma poderá subsistir. Como pode Satanás expulsar Satanás? Se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo. Ora, se ainda, Satanás, se atira conta si próprio, estando dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?”

O que se verifica é a ignorância e a ousadia de um atraso intelecto-moral por parte dos que se opõe sistematicamente às evidências da superioridade do Cristo.

Nenhum enfermo que Jesus desejou curar ficou sem ser curado. Isso, independentemente da vontade, da fé, da gratidão ou das condições evolutivas do enfermo. O poder de Jesus vinha do seu amor, da sua infinita compaixão e das superlativas condições morais que o caracterizava.

O Mestre curou e ainda cura incontáveis enfermos do corpo e do espírito. Ele ainda recebe a gratidão entusiasmada de muitos e os comentários maldosos de uma minoria de antagonistas.

Diante da persistência dos homens cegos, Jesus restituiu-lhes a visão. Diante da persistência do espírito impuro ao subjugar uma vítima, o Mestre o expulsou sumariamente.

Verifica-se que para cada caso o divino Amigo adota uma postura condizente com as condições evolutivas dos enfermos e dos ignorantes. Sempre com amor e misericórdia, traduzindo a benevolência do Pai para que nenhum de seus filhos permaneça indefinidamente nas sombras do estacionamento evolutivo.

Aprendamos com os exemplos do Cristo a espraiar amor, consideração e sabedoria para que as nossas atitudes de amor estejam em sintonia com o Pai. Que tudo seja feito conforme a vontade de Deus, dentro das possibilidades da nossa fé, sempre de forma discreta, deixando que toda a glória seja para Ele, o Senhor da Vida.

 

(Emídio Silva Falcão Brasileiro, autor da obra Educação Emocional, da editora Boa Nova)

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