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Sem partidos e prefeitos, Mendanha se apega a políticos derrotados

A candidatura do prefeito Gustavo Mendanha (Aparecida de Goiânia) ao Governo de Goiás enfrenta uma adversidade que o gestor jamais encarou nas campanhas que protagonizou: a escassez de partidos.

Mendanha venceu as eleições em Aparecida, em 2020, com um aglomerado de 20 partidos ( a maior coligação do Brasil naquele ano), que reunia todos os espectros políticos, desde o PT lulista ao PSL bolsonarista, passando por agremiações comunistas (PCdoB), socialistas (PSB) e os tradicionais PL, PSDB e toda uma corrente de grupos, que foi abrigada na máquina administrativa da cidade.

A quitação do apoio se caracterizava através dos cargos públicos e comandos de secretarias e orçamentos públicos. O episódio chegou a ser questionado publicamente pelo presidente do PSD, ex-deputado federal Vilmar Rocha, que apontou uma atrofia política e democrática na cidade, já que opositores potenciais teriam sido cooptados.

Aquela disputa ainda suscitou na época o único fato político que faria Aparecida há poucos dias tornar-se notícia nacional: a suspeita de machismo institucionalizado, uma vez que desde a campanha de 2020 o grupo de Mendanha atraiu tais críticas, que se desdobraram recentemente com a superexposição da Câmara Municipal em um suposto caso de misoginia.

A falta de partidos e legendas representativas faz com que o político evite tratar do assunto em suas comunicações de pré-campanha. As legendas são consideradas inexpressivas, como PTC, Avante, DC e Podemos – cujo único deputado federal, José Nelto, segue caminho oposto ao prefeito.

Fragilidade
Sem partidos substanciais, Mendanha perde horário de propaganda eleitoral, vitrines de cases de sucesso nas cidades e batalhão orgânico para campanha.

No sábado, 12, o político realizou um encontro diferente: em vez de anunciar partidos, divulgou que o evento seria de grandes proporções com ex-prefeitos e ex-vereadores – nas redes sociais a reunião foi batizada com ironias por opositores ao prefeito como “Convenção de Ressentidos e Derrotados (CRD)”. Justamente para tentar encobrir o fato de que a pré-candidatura chegou em sua reta final sem apoio de políticos bem avaliados nas urnas. Apenas um prefeito teria declarado apoio ao projeto de Mendanha, Major Eldecírio da Silva, de São Luís de Montes Belos, que, depois de um dia de inaugurações com Ronaldo Caiado, teria ficado em silêncio quanto ao apoio declarado.

É uma situação de extrema adversidade, mas que Mendanha pretende superar diante do início da campanha eleitoral com marketing defensivo e ofensivo.

Alguns marqueteiros têm proposto ao prefeito não mostrar o grupo que o apoia – caso de Marconi Perillo, Magda Mofatto, Professor Alcides, Sandro Mabel, etc. Para alguns orientadores, são políticos ‘velhos’ e com imagem desgastada. Mendanha é sempre lembrado: citações pejorativas, prisões, sentenças criminais, denúncias e investigações de casos rumorosos como Operação Decantação, Lava Jato, Mensalão, episódios polêmicos e mesmo condenações, que foram protagonizadas pelos seus mentores, podem desarmar toda campanha e apagar a centelha da “juventude” que deseja despertar.

Na segunda-feira, 14, o grupo tentou comunicar que o pré-candidato teria grande apoio popular e disparou várias mensagens nos grupos de Whatsapp. Apesar do esforço, o tema não figurou dentre os trends do dia, nem liderou leituras da área política – em entrevista ao “O Popular”, as críticas de Daniel Vilela à suposta descaraterização de Mendanha, possível aliado de Marconi, ecoaram mais e geraram suítes em outros veículos.

Último esforço
O grande esforço momentâneo de Mendanha não significa que a hipótese mais drástica da pré-candidatura possa ainda ser tomada: a desistência e permanência na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. A tendência de Mendanha é que consiga alinhar ao seu pequeno grupo de partidos uma ou duas destas quatro legendas: PP, PL, PSDB ou PSD.

PP e PSD já afirmaram que desejam compor para o Senado – de preferência com o governador Ronaldo Caiado. O PSD sofre convulsão: sem uma candidatura de Henrique Meirelles, pode enfraquecer ainda mais e cair nas mãos de Mendanha. Restam ainda PL e PSDB, também frágeis em Goiás diante das instabilidades de Bolsonaro.

Outras duas siglas quiseram Mendanha no passado, PT e PSB, mas a aproximação dele com partidos conservadores e de extrema direita, além da adesão ao bolsonarismo, esfriou a aliança de esquerda. A 20 dias do prazo final, a angústia permanece e o que era para ser um marco de campanha, a reunião com os derrotados de outras eleições, já é passado.

Mendanhistas não acompanham orientações do ainda prefeito

As relações de Gustavo Mendanha (sem partido) com quem ficará em Aparecida de Goiânia começam a ter atritos nos bastidores. A sociabilidade do "Grupo de Aparecida" está aparentemente ameaçada. O presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza (MDB), não compareceu ao evento de lançamento da pré-campanha de Mendanha e o motivo aparente seriam conflitos por conta das cobranças. Ele também faltou um encontro com outros vereadores, que desejavam esfriar os ânimos.

Mendanha não gostou da visita de Daniel Vilela na sede do legislativo, na última semana. André teria então dito que responde por um poder e que não pode fechar Aparecida de forma truculenta para lideranças estaduais.

Outro que respondeu Mendanha nas entrelinhas foi Max Menezes, que assume vaga na Assembleia Legislativa com a saída de Humberto Aidar. Max teria sido cobrado para que abandone a legenda de Daniel Vilela. Mas o tom foi de que o convite partiu de Maguito Vilela, Daniel e Mendanha. A resposta também foi direta: "Quem saiu [do MDB] foi ele [Mendanha]. Não fui eu".

Os atritos são o prelúdio do que está para acontecer. Os emedebistas já vislumbram a sucessão de Vilmar Mariano (Podemos), caso assuma mesmo a vaga deixada por Mendanha. Primeiro, o secretário Tatá, considerado braço direito do atual prefeito, caso tenha interesses eleitorais no município, precisa agir para unir o grupo, já que o MDB estaria sendo procurado para manter unida a base que elegeu Mendanha - sem os mendanhistas.

Max Menezes (MDB)

Por enquanto, apenas Vilmar reza a cartilha de Mendanha. Também pudera: se romper agora pode ser que Mendanha desista do projeto estadual.

O grupo que se forma ao redor teme que Vilmar Mariano seja herdeiro de uma "bomba fiscal".

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