Bolsonaro se encontra com Caiado em Goiânia e discutem 2026
Redação DM
Publicado em 20 de junho de 2025 às 13:33 | Atualizado há 3 horas
João Carvalho
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Goiânia na quinta-feira (19) para uma série de compromissos. A primeira agenda foi no Palácio das Esmeraldas, em encontro com o governador Ronaldo Caiado e com a participação do senador Wilder Morais, presidente do PL em Goiás, além do deputado federal Gustavo Gayer.
Bolsonaro foi recebido pelo governador Ronaldo Caiado em reunião com clima ameno. O tema central do encontro foi a sucessão de 2026, com ênfase estratégica na união da direita para enfrentar o presidente Lula no pleito presidencial. Caiado teria falado sobre possível aliança com o PL em Goiás, mas Wilder e Bolsonaro optaram por discutir a sucessão nacional.
O ex-presidente ainda não bateu o martelo sobre quem terá o seu apoio à disputa no próximo ano. O governador Caiado tem feito gestos de aproximação com o eleitor bolsonarista.
Por outro lado, a articulação em Goiás tem sido pauta constante. Na última semana, chegou-se a cogitar aliança PL‑MDB‑União Brasil, com Daniel Vilela como candidato ao governo em 2026, e indicação do nome do deputado federal Gustavo Gayer como candidato ao Senado na chapa governista. Mas o martelo ainda não foi batido e o PL segue com a intenção de lançar chapa própria.
Logo após deixar a Casa Verde, Bolsonaro almoçou na casa do senador Wilder Morais, no Setor Marista e, em seguida, se deslocou para a Agrovem, uma das principais feiras de agronegócio da região, iniciada em 16 de junho, onde foi recebido por dezenas de eleitores. A recepção reforça o apelo de Bolsonaro ao eleitorado rural, tradicionalmente alinhado ao agronegócio
Essa é a primeira vez que o ex-presidente vem a Goiás após as eleições de 2024, quando fez campanha para Fred Rodrigues, no segundo turno da disputa em Goiânia.
A visita de Bolsonaro ocorre em meio a movimentações políticas intensas no estado. Já há articulações em curso para que o vice-governador Daniel Vilela (MDB) dispute o governo com apoio dos três partidos — União, PL e MDB — enquanto o PL indicaria um nome ao Senado, com respaldo de Bolsonaro. Tal arranjo busca evitar disputas internas e maximizar as chances eleitorais do campo conservador em Goiás.
Embora inelegível até 2030, Jair Bolsonaro ainda atua como líder informal da oposição, com capacidade de mobilizar bases e influenciar candidaturas. Sua visita a Goiânia é exemplo claro de como ele segue relevante nos bastidores, operando como elemento agregador, ou desagregador, dentro da própria direita.
Goiás se consolida como um território estratégico na guerra política que se desenha, e Bolsonaro, mesmo fora do páreo direto, quer garantir que seu projeto tenha protagonismo. A visita é mais um movimento na complexa dança de alianças, rivalidades e reconciliações que marca o tabuleiro da sucessão presidencial.
Ex-presidente diz que “forças ocultas” querem tirá-lo da disputa eleitoral em 2026
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu nesta quarta-feira (19) o título de cidadão goianiense, em solenidade realizada na Câmara Municipal de Goiânia. A homenagem, proposta pelo vereador Dyeime Vasconcelos (PL), contou com a presença de apoiadores, parlamentares e lideranças políticas ligadas ao bolsonarismo no estado. Durante o evento, Bolsonaro fez um discurso com forte tom político, voltando a atacar a esquerda, criticar o atual governo e reforçar seu papel como liderança nacional, mesmo estando inelegível até 2030.
“Mais difícil que ganhar a eleição é formar ministério”, declarou Bolsonaro, ao criticar o que classificou como pressões por loteamento de cargos e estatais. Segundo ele, seu governo enfrentou constantes dificuldades para montar uma equipe de forma técnica e não subordinada a interesses partidários. “Ficamos quatro anos, tivemos guerra e entregamos no azul”, afirmou, em referência à sua gestão, que enfrentou crises como a pandemia de Covid-19 e o isolamento internacional.
Sem citar diretamente o Judiciário, Bolsonaro voltou a abordar sua inelegibilidade, imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral. “Existe uma força oculta para que eu não seja candidato. E existem forças para que o outro seja”, afirmou, em referência velada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à possibilidade de candidatura de nomes da direita moderada em 2026, como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, visto como um “plano B” do campo conservador.
O ex-presidente também criticou o projeto de regulação das redes sociais em debate no Congresso, que tem sido defendido por Lula. “Ele (Lula) quer dizer o que vamos dizer na rede social. Não podemos desistir. A pior coisa é jogar a toalha”, declarou, incentivando seus apoiadores a manterem a mobilização nas plataformas digitais — principal campo de batalha do bolsonarismo desde a campanha de 2018.
Durante o discurso, Bolsonaro também apresentou uma tese sobre governabilidade e poder institucional, pedindo apoio direto à base parlamentar. “Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o Brasil”, afirmou, ao citar o exemplo de El Salvador, onde o presidente Nayib Bukele promoveu uma agenda de endurecimento penal e reformas com amplo apoio legislativo. A menção a Bukele, cada vez mais recorrente no discurso bolsonarista, serve como espelho de um modelo de governo conservador com concentração de poder e medidas de segurança rígidas.
Ao encerrar sua fala, Bolsonaro fez um apelo emocionado ao público. “Passamos décadas de joelhos, aceitando a esquerda crescer e ocupar espaços. Não podemos fazer isso de novo”, disse. E completou: “Peço ao povo que não desista”.
O evento reforça o empenho do ex-presidente em manter viva sua influência política, especialmente em estados onde tem forte apoio popular, como Goiás. O título de cidadão aparecidense, embora simbólico, foi mais um palanque para reafirmar sua liderança, acenar à base conservadora e influenciar os rumos da disputa de 2026 — na qual, mesmo fora do páreo, pretende ser o grande articulador da direita.
A sessão durou pouco. O ex-presidente não estava passando bem, mas havia previsão de ir a uma pizzaria para jantar. Também foram agraciados com o título o deputado federal Gustavo Gayer, o vereador em Goiânia, o ex-deputado Fred Rodrigues e Vitor Hugo Pereira receberam título de cidadania de Aparecida de Goiânia. (João Carvalho)