Brasil enfrenta polarização política e incertezas econômicas, revela Latam Pulse
Léo Carvalho
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 16:23 | Atualizado há 31 minutos
O relatório Latam Pulse Atlas & Bloomberg, divulgado em setembro de 2025, revela um retrato complexo do Brasil em meio a tensões políticas, desconfiança econômica e debates sobre o futuro da democracia. A pesquisa ouviu 7.291 brasileiros entre os dias 10 e 14 de setembro, com margem de erro de um ponto percentual.
Entre os principais resultados, a aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue em avaliação dividida, marcada por comparações constantes com a gestão anterior de Jair Bolsonaro. A aprovação de Lula retomou a trajetória de melhora iniciada em junho deste ano, alcançando 50,8% em setembro — o maior patamar registrado desde janeiro de 2024. A retomada vem no contexto de percepções de melhora econômica e diminuição da pressão inflacionária. Enquanto setores reconhecem avanços, sobretudo em áreas sociais, outros classificam decisões recentes como erros estratégicos.
O Índice de Risco Político, que mede instabilidade institucional, conflitos sociais e percepção de corrupção, indica vulnerabilidades que podem comprometer a governabilidade nos próximos meses. O levantamento aponta ainda que parte da população acredita em possibilidade de novos episódios de instabilidade.
No campo econômico, o Índice de Confiança do Consumidor (CCI) permanece em patamar desfavorável, com avaliações negativas tanto sobre a situação atual do país quanto sobre as perspectivas para os próximos seis meses. A inflação segue como preocupação central: a percepção pública indica alta nos preços nos últimos meses e baixa confiança de que haverá melhora no curto prazo.
A pesquisa também mostra que os principais problemas apontados pela população incluem inflação, desemprego, saúde pública e corrupção.
O relatório dedica atenção especial ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A maioria dos entrevistados considera legítima a condenação por tentativa de golpe de Estado, mas parte da sociedade avalia que houve perseguição política. A pena de 27 anos e 3 meses de prisão também divide opiniões — para alguns, foi exagerada; para outros, insuficiente.
A discussão sobre anistia a investigados e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe segue polarizada. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem defendido a medida em discursos públicos, surge como nome competitivo dentro da direita para 2026, embora sua postura divida eleitores.
Nos cenários eleitorais, Lula e Tarcísio aparecem como protagonistas de um eventual segundo turno em 2026, com intenções de voto que refletem o quadro atual de forte polarização. O futuro da direita, por sua vez, segue em disputa entre nomes ligados a Bolsonaro e alternativas emergentes.
O estudo conclui que o Brasil atravessa um período de alta tensão política e social, somado a incertezas econômicas, o que reforça a percepção de instabilidade para investidores, lideranças políticas e para a sociedade em geral.