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JUSTIÇA

Júri popular ocorre dez anos após a morte

Hoje, 14 de março, é um marco na vida do advogado Valério Luiz Filho e sua família: acontece, a partir das 8h30, no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), o julgamento do pai, o jornalista Valério Luiz. Ele morreu aos 49 anos, na tarde do dia 5 de julho de 2012, com cinco tiros, ao sair do trabalho na Rádio Jornal 820 AM. Os cinco acusados de atirar no comunicador vão a júri popular.

A previsão é que o julgamento se estenda por, no mínimo, três dias e, por conta do período pandêmico, não será aberto ao público. Conduzido pelo juiz Lourival Machado da Costa, o procedimento terá a participação de sete jurados, 30 testemunhas, quatro advogados de defesa, três promotores e três assistentes.

Como é advogado, Valério Luiz Filho irá atuar como assistente de acusação do caso. “Estarei no plenário de júri, vou interrogar testemunhas, acusados, participar dos debates e do tribunal do júri. É um resultado importante para sociedade goiana como um todo. Por mais que o caminho da a justiça seja árduo e pareça impossível, não é para as causas justas, como a nossa”, argumenta.

As cinco pessoas que serão julgadas são: o ex-vice-presidente do Atlético-GO, o cartorário Maurício Borges Sampaio, Urbano de Carvalho Malta, funcionário de Sampaio, os policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma da Silva. Marcus Vinícius Pereira Xavier, também é um dos réus, mas como está atualmente morando em Portugal, vai participar de forma on-line.

Em fevereiro de 2013, a polícia civil concluiu o inquérito e fez a denúncia contra os envolvidos. Em 2014, decidiu-se que os cinco réus seriam levados a júri popular. Desde então, a defesa entrou com uma série de recursos, que juntamente com o adiamento de dois julgamentos (na primeira vez foi alegado falta de estrutura e a segunda, em 2020, devido à pandemia) causaram a espera de quase 10 anos pelo julgamento.

O motivo da execução, de acordo com as investigações, seriam os comentários de Valério Luiz sobre a saída do ex-vice-presidente do Atlético, em uma fase complicada do time. A frase que teria custado a vida do jornalista foi: "nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora".

A defesa defende a inocência dos réus e aposta na absolvição dos suspeitos.

Protestos
O crime contra o jornalista comoveu a Capital. E, com o intuito de que o caso não seja esquecido, Valério Luiz Filho, juntamente com o avô, o ex-deputado estadual e também jornalista, Mané de Oliveira, organizaram uma série de protestos ao longo dos anos. O maior deles ocorreu um ano após a morte do comunicador, na Praça Cívica.

“Esse protesto contou aproximadamente mil pessoas com participação de familiares, amigos e imprensa. Em 2012, o time do Goiás entrou em campo vestido com as camisas com o rosto do meu pai. Fazíamos protesto em todo 5 de julho, paramos de fazer ano passado, quando meu avô faleceu”, diz Valério Filho.

Paixão pelo Atlético
O avô de Valério Filho, Mané de Oliveira, eternizado no esporte goiano, foi o responsável por transferir o amor a Valério Luiz pelo esporte e pelo futebol, pelo Atlético e pelo jornalismo. A família, que era de Anápolis, veio para Goiânia quando Mané Oliveira recebeu um convite para trabalhar na rádio Difusora.

“Meu pai, que chegou em Goiânia ainda garoto e, por morar em Campinas, um bairro atleticano, em que fica o Estádio Antônio Accioly, também se tornou atleticano. Talvez por isso, fazia críticas tão incisivas”, recorda Valério Filho.

A morte do jornalista levou ainda a empolgação e inocência de Valério de ir ao estádio com a família. “Recordo a nossa família indo junto no estádio metade verde, metade vermelho. No clássico jogo em 1999, no qual o Vila Nova venceu o Goiás, de virada, por 5 a 3, estávamos lá, e fomos zoados por nossos primos vilanovenses. É uma época de alegria no futebol que não existe mais”, relembra.

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