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Transporte conectado: sem integração efetiva não há mobilidade sustentável

Garantir o acesso pleno a sistemas completos de transporte, com integração efetiva, é uma tarefa fundamental para tornar as cidades mais conectadas, justas e sustentáveis. Os deslocamentos conectados são aqueles em que se usa vários meios de transporte para chegar a um determinado destino. Diante disso, o deslocamento em cidades de médio ou grande porte requer integração em cadeia, levando em consideração que o transporte público cumpre parte dos trechos.

Porém, de nada adianta falar em melhorar o trânsito da Região Metropolitana de Goiânia se não houver a preocupação em constituir um sistema de transporte conectado. Essa é uma máxima defendida pelo economista e doutor em Transportes na área de Concentração Logística e Gestão pela Universidade de Brasília (UnB), Adriano Paranaíba. Ele integra um grupo de especialistas que pretende discutir, com bases técnicas, a mobilidade e transportes em Goiânia, a segunda maior metrópole do Centro-Oeste.

De acordo com Paranaíba, que também é professor do quadro permanente do Instituto Federal de Goiás (IFG), a ausência de integração multimodal de transportes compromete o incentivo ao uso de meios de deslocamento alternativos ao automóvel, como a bicicleta. Ou seja, a existência de uma rede de ciclovias e ciclofaixas, sem integração aos terminais do transporte coletivo, pouco colabora aos esforços de políticas públicas de desestímulo ao uso ostensivo de veículos automotores. “Não há incentivo à bicicleta sem estrutura adequada e segura que faça conexões das linhas cicloviárias aos terminais”, afirma.

Paranaíba defende que soluções em direção à mobilidade conectada não excluem os automóveis. O especialista argumenta que o ideal seria que os terminais de ônibus disponibilizassem estacionamentos para veículos automotores, à exemplo do que existe aos ciclistas por meio de bicicletários. “Deveríamos ter espaços multiusos em que se pudéssemos abrigar carros e motos, em áreas nos terminais, ou próximo a eles. Essa seria uma solução simples em direção à conexão dos transportes”, ressalta.

Terminais atraentes

Como exposto pelo especialista, há a clara necessidade de se pensar no entorno dos terminais que constituem o sistema de transporte coletivo da grande Goiânia. A exemplo do que já ocorre com as bicicletas, a implantação de espaços seguros para que automóveis sejam guardados, permitiria que o passageiro continuasse seu deslocamento por ônibus coletivo, propiciando uma conexão de diferentes modais de transportes.

Paranaíba afirma que, paralelo aos estacionamentos, outro caminho a ser pensado pelos gestores da área de mobilidade e transporte da capital é a instalação de polos comerciais internos aos terminais. De acordo com o especialista, comércios ao estilo shoppings centers, daria outro aspecto a esses espaços, tornando-os frequentáveis, o que seria um ótimo incentivo ao uso do transporte público. “Shopping anexo ou dentro dos terminais conectaria o passageiro à rede de comércio e serviços, proporcionando mais praticidade à viagem. Seria um incrível incentivo para conquistar novos usuários para o transporte público”, ressalta.

Paranaíba cita como exemplo o Terminal Rodoviário de Goiânia, onde há instalado nas dependências internas um shopping center. “A rodoviária é um bom modelo. Por que não ter terminais do transporte coletivo nesse padrão, administrado pela iniciativa privada por meio de concessão pública? ”, questiona.

No entanto, Paranaíba chama atenção para a questão da conectividade da rodoviária com o Bus Rapid Transit (BRT), cujas obras estão avançadas e, uma estação na Avenida Goiás Norte, ao lado do terminal rodoviário, está quase concluído. “Não está nada claro se haverá conexão de mobilidade entre o terminal rodoviário e o BRT”, conclui.

Sistema de transporte conectado

 Integração multimodal, tornando deslocamentos mais fáceis por meio de conexões entre as diversas infraestruturas.

 Caminhos até os terminais devem oferecer segurança, calçadas adequadas, ciclovias e ciclofaixas.

 Estacionamento para veículos, paraciclos e bicicletários dentro dos terminais – ou o mais próximo possível.

 Políticas públicas de desestímulo ao automóvel.

 Integração terminais e comércios/shoppings por meio de concessão pública.

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