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OPINIÃO

Mobilidade urbana

Algumas pessoas acham que não devo me meter em assunto que não é meu. Mas o município é o mais próximo da vida cotidiana que temos de administração pública. É nele que vivemos e que criamos nossos filhos. Como então não opinar a respeito? Além do que, será que estes assuntos não me dizem respeito mesmo?

Fiz um trajeto pitoresco esta semana. Desci pela 90, saindo do terminal Isidória até a praça cívica. Não era horário de rush, mas o trânsito estava bem complicado. Observei então um fato curioso: a Avenida 90 tem 4 pistas de rolagem e mesmo assim o trânsito não flui. Há um corredor exclusivo para ônibus, mas durante meu percurso nenhum ônibus passou por mim. Isto me permite concluir que, quem anda de ônibus está muito mal servido. Posso estar sendo apressado, mas me pareceu óbvio.

Outra curiosidade é que há uma faixa exclusiva para ciclistas. Esta também estava vazia. Não visualizei nenhum ciclista fazendo uso daquela via naquele instante. Mas notei que, tanto quanto possível, os motoristas procuraram preservar aquela faixa. Isto, vez ou outra era desconsiderado mas, sinceramente, compreendi os violadores do perímetro já que parecia o mais lógico a fazer ante um trânsito caótico, com uma via ociosa.

A faixa em que eu estava, reservada aos vilões do trânsito, o veículo automotor de quatro rodas, fluía numa frequência razoável entre os 15 e 20 km por hora, sempre constantes. Mas não eram quatro faixas mencionadas no inicio? Onde está a outra? Não se apresse caro leitor, julgando que estou aqui para condenar as bicicletas. Não estou. Francamente tenho dó de quem precise utilizar este transporte no nosso amado país. Sim, pois aqui só o utilizam por necessidade. Raros casos, quase nenhum, ou nenhum mesmo será o de alguém que o utilize regularmente por convicção. Entendo as dificuldades que isto causa. Eu mesmo sou um ciclista frustrado. No passado comprei uma bicicleta para ir ao trabalho, e fui. Abandonei o projeto na primeira viagem e nunca mais o retomei. Não sei o que foi feito da magricela.

Vamos à 4ª faixa que constatei na rua 90: é verdade que ela não está presente em toda extensão da via, mas em boa parte pode ser encontrada. Trata-se da faixa de estacionamento, legal ou não. Onde ela não existe, é comum encontrar carro estacionado sobre a ciclovia. Pareceu-me óbvio que o problema de Goiânia não é a faixa para ciclistas ou para ônibus, mas a de estacionamento que é, em grande parte, clandestina.

Está na hora de alguém do paço municipal pensar em estacionamentos. Público ou privado, com legislação para que o comércio oferte área de estacionamento para clientes. As soluções são várias: Estacionamento vertical, horizontal, subterrâneo, sei lá. É preciso abordar este assunto. Criar faixas exclusivas já não está resolvendo o problema. Daqui a pouco teremos carros estacionados na faixa de rolagem dos veículos, se é que já não os temos.

No último sábado precisei passar pela 44 e imediações da rodoviária. Num percurso de cerca de 600 metros, demorei nove minutos cronometrados. Depois, preferi voltar por um percurso três ou quatro km mais longo, e não demorei seis minutos. Mas quem é que, em Goiânia, não sabia que aquela região estaria se instalando uma bomba de efeito retardado? E qual é o grande problema daquela região?

(Coronel Avelar Lopes de Viveiros, comandante do policiamento ambiental de Goiás)

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